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segunda-feira, 15 de junho de 2009
quinta-feira, 11 de junho de 2009
gestão do lixo em São Paulo, Capital
São Paulo, janeiro de 2.008 - Entidades de bairros, organizações não-governamentais, 45 mil catadores de lixo, mais de 150 cooperativas e o esforço isolado de moradores da capital conseguiram, nos últimos anos, elevar para 20% o porcentual reciclado do volume de lixo recolhido, permitindo economia anual de US$ 300 milhões ao Município.
O índice é semelhante ao apresentado nos países desenvolvidos e isso se deve às iniciativas de supermercados, condomínios, escolas particulares e empresas, entre outros, que instalaram, voluntariamente, 4 mil postos de entrega de lixo reciclável e organizaram programas próprios de coleta seletiva.
Enquanto isso, a rede oficial de coleta seletiva responde por apenas 1% do total de resíduos recicláveis, número baixo demais para a cidade mais rica do País. A média nacional é de 5% de reciclagem. Portanto, o programa de reciclagem do lixo avança em São Paulo, mas não com o poder público na vanguarda, dada a sua lentidão em regulamentar e investir nesse programa.
Numa metrópole onde os dois aterros existentes estão completamente saturados, a produção de lixo aumenta 7% ao ano e grande parte das 16 mil toneladas de lixo produzidas diariamente é depositada em aterros particulares, essa questão deveria receber alta prioridade.
Pelos cálculos do economista Sabetai Calderoni, autor do livro "Os Bilhões Perdidos no Lixo", São Paulo poderia economizar US$ 1,2 bilhão por ano se reciclasse de forma organizada seus resíduos sólidos. Dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública (Abrelpe) mostram que a capital desperdiçou 3,3 milhões de toneladas de lixo domiciliar em 2006.
Para os estudiosos do problema, a Prefeitura paulistana está muito atrasada. A reciclagem do lixo começou a ser discutida na capital na gestão Luiza Erundina (1989-1992) que chegou a criar um programa de coleta seletiva no fim do governo. Mas, depois disso, a Prefeitura progrediu muito pouco.
Os sucessores de Erundina não se empenharam no projeto. Apenas no governo Marta Suplicy, a coleta seletiva passou a constar das metas do governo municipal e a fazer parte das exigências feitas aos consórcios participantes da licitação para os serviços de transporte e destinação final das 16 mil toneladas de lixo diárias produzidas em São Paulo.
Pelo contrato firmado em 2003 com os consórcios Loga e EcoUrbis, a coleta seletiva porta em porta deveria estar em operação em toda a cidade até outubro de 2005. Ao assumir a Prefeitura, José Serra mostrou-se disposto a anular o contrato de 20 anos, renovável por mais 20, firmado pelo Município a um custo de R$ 10 bilhões. Serra se referia ao sistema adotado pelo governo petista como “nó em pingo d’água”.
De lá para cá, houve renegociação e tentativas de forçar os consórcios a renunciarem à concessão. Há dias, dada a lentidão da Justiça, que deve demorar mais cinco anos para julgar o pedido de anulação do contrato, a Prefeitura optou por reformá-lo.
Pelo novo acordo, a administração municipal reduzirá em 17,3% o valor pago aos consórcios, o que permitirá economia de R$ 2 bilhões ao Município no período de 20 anos. Em contrapartida, os consórcios ganham novos prazos para realizar obras e colocar em operação serviços previstos no contrato.
Já deveriam estar em funcionamento, desde 2004, duas miniusinas de compostagem e a frota de caminhões já deveria ter sido substituída há dois anos por novos veículos equipados com sistema de localização por satélite. A inauguração de duas novas estações de transbordo também estava marcada para o ano passado e, neste ano, a cidade deveria contar com mais dois aterros sanitários.
Tudo isso, mais a coleta seletiva e o aproveitamento dos resíduos sólidos recicláveis poderiam reduzir o acúmulo de lixo sem tratamento e aumentar a vida útil dos aterros.
A boa vontade de uma parcela da população tem sido essencial para que a coleta seletiva progrida - em 10% dos condomínios residenciais e comerciais já ocorre a separação do lixo reciclável -, mas sem a participação efetiva do poder público ela continuará precária.
Fonte: Estadão
Amazônia: Seca pode prejudicar absorção de carbono na atmosfera03/04/09
Um novo estudo, realizado por uma equipe de pesquisadores internacionais concluiu aquilo que para muitos já era uma certeza. De acordo com os cientistas, a demora no crescimento da floresta amazônica durante as épocas de seca tem efeito direto sobre o aquecimento global por reduzir significativamente a capacidade de absorção do carbono da atmosfera.
O estudo, que será publicado esta semana pela revista científica Nature foi realizado por cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas, de Manaus, Universidade Nacional Experimental de los Llanos, da Venezuela e Jardim Botânico de Misuri, de Pasco, no Peru.
"A selva amazônica é um componente fundamental e pouco compreendido do ciclo global do carbono. Se a floresta realmente secar nos próximos 100 anos, como apontam os modelos matemáticos, deveremos ter uma aceleração na mudança climática por perda de carbono, com consequentes grandes modificações na troca de energia de superfície", disse Oliver L. Phillips, da Universidade de Leeds, na Inglaterra e principal autor do artigo.
Segundo o estudo, a floresta armazena até 120 bilhões de toneladas de carbono em sua biomassa, sendo essencial para o ciclo natural do carbono. De acordo com os pesquisadores, todos os anos o sistema absorve 18 bilhões de toneladas do gás da atmosfera através do processo da fotossíntese, que são liberadas na atmosfera pela respiração.
Durante a pesquisa, os cientistas estudaram a mudança verificada na biomassa das árvores e concluíram que durante a seca de 2005 ocorrida na Região Amazônica a taxa de crescimento florestal diminuiu significativamente, matando de maneira mais acentuada as árvores de crescimento rápido e baixa densidade de madeira.
Para o estudo os cientistas empregaram dados coletados em diversos pontos de observação e avaliaram de forma pontual como a floresta respondeu à violenta seca do ano de 2005. O estudo conclui que eventos futuros similares não podem ser descartados e se repetidos em grande escala pode afetar a capacidade da floresta de se auto-regenerar.
Residuo Sólidos
NÃO NO MEU QUINTAL16/04/09
Aterros distantes encarecem operação
Muita gente pensa que a coleta seletiva é a solução mágica para reduzir as 13 mil toneladas de lixo que São Paulo produz diariamente, 10% de toda a sujeira coletada no País. Por mais que soe politicamente incorreto, quatro razões indicam que não é bem assim: 1) a coleta seletiva é alimentada pela demanda do mercado de reciclagem, que não tem como absorver todo o material passível de reprocessamento; 2) a grande massa do lixo domiciliar é composta por matéria orgânica, não por lixo reciclável; 3) ela só funcionaria se fosse altamente mecanizada, o que está longe de acontecer; e 4) se for montada uma rede de caminhões capaz de coletar todo o material reciclável, o trânsito da metrópole pára de vez.
O mercado da reciclagem determina o ritmo da coleta seletiva. O alumínio é um dos produtos mais valorizados: R$ 3,80 por 65 latinhas (ou 1 quilo). Com isso, os 4,2 milhões de latinhas de cerveja ou refrigerante descartadas por dia na Grande São Paulo dificilmente chegam aos aterros sanitários. Mas o modelo não se repete com os 3,7 milhões de garrafas de cerveja e refrigerante ou as 870 mil garrafas PET. A capacidade de absorção da reciclagem de vidro e das embalagens PET é bem mais limitada. "O sistema de catadores resolve o problema de algumas pessoas pobres, jamais o problema do lixo", diz o geólogo Ângelo Consoni, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas.
Os números da reciclagem são desencontrados, mas o certo é que ainda se recicla muito pouco. O engenheiro André Vilhena, diretor do Compromisso Empresarial pela Reciclagem, uma organização não-governamental custeada por grandes empresas interessadas nos processos de reaproveitamento de materiais, garante que, do lixo seco, 18% são enviados à reciclagem; Weber Ciloni, diretor do Departamento de Limpeza Urbana, acena com 11%; Eduardo de Paula, diretor da cooperativa de catadores Coopamare, fala em 1%.
A dimensão do lixo domiciliar paulistano choca. Se a montanha de 9,5 mil toneladas gerada por dia nas residências fosse compactada e depositada no gramado de um campo de futebol, ela cresceria 2,24 metros por dia. Ao fim de um ano, formaria uma torre de 817,6 metros ou 272 andares. "O problema dos transportes é grave, mas sabemos a solução, só não temos dinheiro para resolver. Para o lixo, não temos uma solução", avalia o arquiteto Geraldo Serra, professor da Universidade de São Paulo.
O volume exagerado tem muito a ver com maus costumes. O paulistano produz, em média, quase 900 gramas de lixo todo dia. "O nome disso é desperdício", adverte Consoni. Poderia ser bem menos, dizem os especialistas. Certamente seria, se o lixo de São Paulo não contivesse altos porcentuais de matéria orgânica - 57,5% do total do lixo domiciliar. Na Europa, o detrito orgânico está entre 25% e 30% do lixo domiciliar, segundo Consoni. Para agravar a situação, o maior porcentual de matéria orgânica é descartado na periferia paulistana, mais populosa que nos bairros abastados.
O lixo deixou de ser um mero material degradado para se transformar num produto rentável: hoje, a operação de coleta e destinação do lixo paulistano está inteiramente terceirizada. Virou um negócio nas mãos da iniciativa privada. Em 2002, a empresa Essencis percebeu que São Paulo estava a caminho do impasse, com os Aterros São João, em Sapopemba, e o Bandeirantes, em Perus, à beira do esgotamento. Comprou uma área numa reserva de manejo de eucaliptos em Caieiras e preparou-a para ser um aterro. Quatro anos depois, o negócio se realizou: ali é operado, hoje, o maior - e salvador - escoadouro do lixo paulistano. Países como Japão e Canadá incineram o lixo, uma técnica cara demais. A engenheira Luzia Galdeano, gerente do aterro de Caieiras, afirma que a incineração custaria de R$ 150 a R$ 200 por tonelada, seis vezes mais que jogar os dejetos nos aterros.
Há, porém, um problema operacional: os aterros estão ficando cada vez mais distantes. A primeira razão é explicada por uma expressão americana "nimby" (abreviatura de "not in my backyard", ou "não no meu quintal") que exprime o consenso de que ninguém quer lixo perto de casa. A segunda é que a valorização do metro quadrado aumenta o custo dos terrenos próximos à região central. Mas levar o lixo para longe transforma uma solução em nova dor de cabeça: os 900 caminhões que participam da megaoperação de coleta agravam ainda mais o trânsito congestionado. Para percorrer os 54 quilômetros entre a estação de transbordo de Santo Amaro e o antigo Aterro São João, as carretas levavam 9 horas. Só do Aterro Bandeirantes, fechado em 2007, ainda saem 55 caminhões por dia para levar chorume (suco da decomposição orgânica) até a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb). Já foi pior. A cidade despejava lixo em terrenos como o do Parque do Ibirapuera. O gás metano era lançado no ar e o chorume impregnava os lençóis freáticos.
Carlos Marchi – Estadão
03/08/2008
Aterros distantes encarecem operação
Muita gente pensa que a coleta seletiva é a solução mágica para reduzir as 13 mil toneladas de lixo que São Paulo produz diariamente, 10% de toda a sujeira coletada no País. Por mais que soe politicamente incorreto, quatro razões indicam que não é bem assim: 1) a coleta seletiva é alimentada pela demanda do mercado de reciclagem, que não tem como absorver todo o material passível de reprocessamento; 2) a grande massa do lixo domiciliar é composta por matéria orgânica, não por lixo reciclável; 3) ela só funcionaria se fosse altamente mecanizada, o que está longe de acontecer; e 4) se for montada uma rede de caminhões capaz de coletar todo o material reciclável, o trânsito da metrópole pára de vez.
O mercado da reciclagem determina o ritmo da coleta seletiva. O alumínio é um dos produtos mais valorizados: R$ 3,80 por 65 latinhas (ou 1 quilo). Com isso, os 4,2 milhões de latinhas de cerveja ou refrigerante descartadas por dia na Grande São Paulo dificilmente chegam aos aterros sanitários. Mas o modelo não se repete com os 3,7 milhões de garrafas de cerveja e refrigerante ou as 870 mil garrafas PET. A capacidade de absorção da reciclagem de vidro e das embalagens PET é bem mais limitada. "O sistema de catadores resolve o problema de algumas pessoas pobres, jamais o problema do lixo", diz o geólogo Ângelo Consoni, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas.
Os números da reciclagem são desencontrados, mas o certo é que ainda se recicla muito pouco. O engenheiro André Vilhena, diretor do Compromisso Empresarial pela Reciclagem, uma organização não-governamental custeada por grandes empresas interessadas nos processos de reaproveitamento de materiais, garante que, do lixo seco, 18% são enviados à reciclagem; Weber Ciloni, diretor do Departamento de Limpeza Urbana, acena com 11%; Eduardo de Paula, diretor da cooperativa de catadores Coopamare, fala em 1%.
A dimensão do lixo domiciliar paulistano choca. Se a montanha de 9,5 mil toneladas gerada por dia nas residências fosse compactada e depositada no gramado de um campo de futebol, ela cresceria 2,24 metros por dia. Ao fim de um ano, formaria uma torre de 817,6 metros ou 272 andares. "O problema dos transportes é grave, mas sabemos a solução, só não temos dinheiro para resolver. Para o lixo, não temos uma solução", avalia o arquiteto Geraldo Serra, professor da Universidade de São Paulo.
O volume exagerado tem muito a ver com maus costumes. O paulistano produz, em média, quase 900 gramas de lixo todo dia. "O nome disso é desperdício", adverte Consoni. Poderia ser bem menos, dizem os especialistas. Certamente seria, se o lixo de São Paulo não contivesse altos porcentuais de matéria orgânica - 57,5% do total do lixo domiciliar. Na Europa, o detrito orgânico está entre 25% e 30% do lixo domiciliar, segundo Consoni. Para agravar a situação, o maior porcentual de matéria orgânica é descartado na periferia paulistana, mais populosa que nos bairros abastados.
O lixo deixou de ser um mero material degradado para se transformar num produto rentável: hoje, a operação de coleta e destinação do lixo paulistano está inteiramente terceirizada. Virou um negócio nas mãos da iniciativa privada. Em 2002, a empresa Essencis percebeu que São Paulo estava a caminho do impasse, com os Aterros São João, em Sapopemba, e o Bandeirantes, em Perus, à beira do esgotamento. Comprou uma área numa reserva de manejo de eucaliptos em Caieiras e preparou-a para ser um aterro. Quatro anos depois, o negócio se realizou: ali é operado, hoje, o maior - e salvador - escoadouro do lixo paulistano. Países como Japão e Canadá incineram o lixo, uma técnica cara demais. A engenheira Luzia Galdeano, gerente do aterro de Caieiras, afirma que a incineração custaria de R$ 150 a R$ 200 por tonelada, seis vezes mais que jogar os dejetos nos aterros.
Há, porém, um problema operacional: os aterros estão ficando cada vez mais distantes. A primeira razão é explicada por uma expressão americana "nimby" (abreviatura de "not in my backyard", ou "não no meu quintal") que exprime o consenso de que ninguém quer lixo perto de casa. A segunda é que a valorização do metro quadrado aumenta o custo dos terrenos próximos à região central. Mas levar o lixo para longe transforma uma solução em nova dor de cabeça: os 900 caminhões que participam da megaoperação de coleta agravam ainda mais o trânsito congestionado. Para percorrer os 54 quilômetros entre a estação de transbordo de Santo Amaro e o antigo Aterro São João, as carretas levavam 9 horas. Só do Aterro Bandeirantes, fechado em 2007, ainda saem 55 caminhões por dia para levar chorume (suco da decomposição orgânica) até a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb). Já foi pior. A cidade despejava lixo em terrenos como o do Parque do Ibirapuera. O gás metano era lançado no ar e o chorume impregnava os lençóis freáticos.
Carlos Marchi – Estadão
03/08/2008
Crise e ambiente darão ao Brasil maior influência em 202023/04/09
Seja por meio de organismos internacionais ou na relação direta com outros países, há espaço para o Brasil se tornar ainda "mais influente" nos próximos dez anos, de acordo com especialistas ouvidos pela BBC Brasil.
E, em pelo menos duas áreas, essa oportunidade é maior: economia e meio ambiente.
"A crise trouxe uma chance sem precedentes para países como o Brasil", diz Marco Vieira, professor de Relações Internacionais do King's College, em Londres.
Para ele, a inclusão dos países emergentes nas discussões sobre a recuperação econômica, por meio do G20, é "sintomática", pois já reflete "os novos polos do poder mundial".
Na avaliação de Vieira, a estabilidade econômica conquistada nos últimos anos, aliada a uma participação proativa em fóruns internacionais, reforçou a percepção de que o país tem legitimidade para estar presente nos principais debates mundiais.
"Nesse ponto temos uma grande vantagem sobre os outros BRIC", diz Vieira. "Não somos apenas uma grande economia. Somos um país democrático, pacífico e com credibilidade externa", diz.
A transferência de poder econômico dos Estados Unidos para os países emergentes também é apontada pelo historiador John Schulz, da Brazilian Business School, como um dos resultados da crise global.
Segundo ele, a participação dos países ricos no PIB mundial já vinha declinando e que a crise "deve acelerar esse processo". "O resultado é uma maior participação dos países emergentes à mesa de negociação", diz.
A eleição de Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos também é vista como ponto a favor de um sistema financeiro mundial mais democrático. "Há uma expectativa de que ele seja mais aberto ao diálogo e a uma solução conjunta para os problemas mundiais", diz Vieira.
Países como Brasil, China e Índia estão participando do debate, juntamente com os países ricos, sobre a reforma do sistema financeiro global. E o Brasil, como principal economia da América Latina, é visto como estratégico no processo de recuperação econômica.
Na opinião de Vieira, a oportunidade "está dada". Se o Brasil vai aproveitá-la ou não, diz, depende da postura do governo Lula. "O futuro do Brasil nesse sistema está diretamente ligado a respostas que vamos dar agora. É o momento de termos uma proposta clara e objetiva", diz.
Segundo ele, se o Brasil tem qualquer pretensão em reformar instituições financeiras mundiais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, essa é a hora de liderar o movimento.
"A mudança não acontece do dia para a noite, mas o processo tem de começar. E essa é uma boa hora", diz o professor.
Clima
Outra área em que o Brasil tem chances de ampliar sua influência é no debate sobre mudanças climáticas.
"Temos a maior floresta tropical, reservas de água, energia limpa. Mas infelizmente ainda somos defensivos em matéria de meio ambiente", diz o ex-embaixador Sérgio Amaral.
Segundo ele, o Brasil tem potencial para liderar esse movimento, mas para isso terá de fazer concessões. Uma delas seria aceitar compromissos obrigatórios. "Já fomos defensivos em comércio e isso mudou. O mesmo pode acontecer em meio ambiente nos próximos anos", diz Amaral.
O também ex-embaixador Rubens Ricupero diz que o Brasil já começou a mudar sua postura, como ficou claro na última reunião sobre clima, em Poznan, na Polônia.
"O Brasil apresentou metas para o desmatamento, foi elogiado. E está participando de todas as conversas que vão levar à reunião de Copenhague", diz.
América Latina
Se por um lado economia e meio ambiente oferecem oportunidades para a liderança brasileira nos próximos anos, isso não significa que temas já tradicionais para o Itamaraty serão deixados de lado.
Apontada como prioridade pela diplomacia brasileira, a América Latina vai exigir atenção especial nos próximos anos, na avaliação dos especialistas.
O Brasil terá de provar aos países vizinhos que é capaz de liderar o continente, mesmo em um momento de crise. E se o país quiser se consolidar como uma potência regional, deverá se preparar "para ceder".
Na avaliação de Vieira, existe um sentimento de "desconfiança" entre os países vizinhos sobre o real objetivo do Brasil - se é promover o interesse geral ou apenas "usar" o continente para interesses particulares do país.
"Alguns países da região têm interesses que vão de encontro ao que o Brasil defende", diz Vieira.
Um exemplo é a Argentina, que vê com restrições a Rodada Doha de comércio, uma das principais bandeiras da política externa brasileira. Além disso, o país vizinho vem adotando medidas protecionistas, mesmo tendo assinado compromisso contrário, na última reunião dos líderes do G20.
Há ainda o aspecto político. Na avaliação de Vieira, o Brasil precisa se preparar para lidar com Chávez "durante uns bons anos". "Que relação teremos com ele, é uma pergunta que deve ser feita por nossos governantes", diz.
Vieira vê dois movimentos políticos na região e que tendem a durar nos próximos anos. Um deles é a proposta venezuelana, baseada em uma visão antiamericana; a outra seria a visão brasileira, considerada por Vieira "mais pragmática e voltada para o desenvolvimento".
"Um dos desafios da diplomacia é decidir se o Brasil tem interesse em atrair para esse campo pragmático os outros países da região", diz Vieira.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/04/090402_brasil_relacoes.shtml
Fabrícia Peixoto
2 de abril, 2009
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- Joelia
- É talvez o último dia da minha vida. Saudei o Sol, levantando a mão direita, Mas não o saudei, dizendo-lhe adeus, Fiz sinal de gostar de o ver antes: mais nada. Alberto Caeiro